domingo, setembro 11, 2011

SONHO




'É “pelo sonho que vamos” mas é pelo medo que crescemos. Não o medo físico, do castigo dos pais ou de represálias da autoridade, mas um medo mais profundo, enraizado e subtil.

O medo de não sermos capazes, o terror da solidão, o pânico de perder, o medo de sofrer, a insegurança do desconhecido, a incerteza do futuro ou o mistério da morte.

São estes e outros medos que, no dia a dia, se traduzem numa enorme amplitude de estados de alma. Há dias em que, sem razão aparente, acordamos e sentimo-nos donos do mundo, altos como nunca fomos, ombros direitos e vontade de vencer. Outros há, porém, em que basta abrir os olhos para nos sentirmos imediatamente pregados ao tecto. Presos numa teia de inseguranças, medos e pavores que não sabemos de onde vêm nem para onde nos levam.

Só os inconscientes é que não têm medo de nada, dizem. Ou, então, os que nada têm porque sabem que nada perdem. E há aqueles, como nós, que temem as mais variadas coisas pelas mais variadas razões.

Ladrões, fantasmas, solidão, rastejantes, mentira, falta de tempo para o essencial, doenças, maus políticos ou, em casos agudos, a própria vida, tudo é passível de meter medo. Tudo nos assusta e nos deixa inseguros. Uns mais, outros menos, naturalmente.

Lidar com os nossos medos é uma forma de nos conhecermos melhor. Enfrentá-los é crescer por dentro. Mesmo quando, por fora, ninguém nota. É através do medo que vem a coragem e é pelos medos que tomamos consciência da nossa verdadeira dimensão no mundo.

P.S.: “Não temas, não tenhas medo” é a frase mais repetida na Bíblia, sabia? Está escrita 365 vezes, uma para cada dia.'



Laurinda Alves